Eu nunca liguei muito para o Dia da Mulher, confesso. Talvez porque ele aconteça dois dias antes do meu aniversário e eu sempre estranhe os parabéns "antecipados" e leve alguns segundos para entender do que as pessoas estão falando.
É engraçado como esse ano esse dia tomou uma proporção diferente para mim. Isso aconteceu depois de ter sido vitimada pelo machismo, de ir elaborando aos poucos o quanto o preconceito contra a mulher está arraigado na sociedade, em regras que ninguém escreveu. Foi depois de ter começado uma verdadeira luta diária contra todo e qualquer tipo de machismo. Não é uma luta militante, e muitos podem julgar fútil, mas é muito minha.
A minha luta é no cotidiano, nas relações entre homens e mulheres, a minha luta é contra um senso comum que me irrita e me enoja. Eu luto para acabar com esse joguinho de submissão enlouquecedor a qual todas as mulheres precisam se submeter nos relacionamentos amorosos. Eu conheço as regras, e tenho certeza que você conhece."Não seja fácil demais, homem gosta da conquista. Espere ele ligar. Não transe no primeiro encontro." A lista é infinita e meticulosa, essas são só as regras de ouro.
A minha luta é para que as mulheres sejam elas mesmas e façam o que tenham vontade. Eu tenho amigas que são difíceis por natureza. Demoram a confiar, a admitir que estão apaixonadas, são tímidas, fechadas. Assim, tudo bem. O problema é não ser assim e criar esse personagem para agradar aos homens. O problema é usar sexo como prêmio por bom comportamento. "Não dê a ele o que ele quer tão fácil." E o que ela quer, importa?
Eu luto de um modo bem discreto, eu diria até ineficaz. Eu simplesmente me recuso a fazer parte do joguinho. Eu sou transparente, sou despachada, demonstro interesse. Ao menor sinal de machismo, eu desapareço sem dar explicação. E já ouvi muitos por aí, como "não suporto essas meninas vulgares que dançam até o chão, menina tem que ser meiga" e "meu filho pode namorar, minha filha não". Já chega tudo o que ouvi, toda a violência verbal e psicológica de pessoas desequilibradas, inseguras, idiotas.
Eu ouço por aí o quanto os homens valorizam aquelas que fazem o estilo menininha (seja ele verdadeiro ou não). Eu só sorrio, continuo sendo eu mesma e espero encontrar alguém que deseje uma mulher engraçada, metida a independente, completamente espontânea, muito boa em demonstrar o que sente e deseja e não tão boa assim com a história de fazer mistério. De repente, tem alguém assim por aí.
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