domingo, 29 de abril de 2012

Fui limpar minha pasta de documentos no computador e achei algumas conversas de msn. Passei os olhos em alguns parágrafos soltos e apaguei, sem pensar duas vezes.
É estranho. Ler a capacidade que eu um dia tive de amar alguém, naquelas proporções.  Eu não consigo sentir aquelas emoções, nem lembrar como era. Parece uma outra pessoa.
Minha cabeça e meu coração estão hoje mergulhados em outros planos. Todos os meus desejos, sonhos, medos, todo o meu pacote de sentimentos, e toda a minha força, determinação, todas as minhas melhores características estão imersas em outro campo.
E de repente eu percebo que não me sinto nem um pouco capaz de amar alguém de novo assim. É uma entrega que não estou disposta a dar. Eu achava que era medo, mas ando descobrindo que é falta de vontade mesmo. Mais coerente. Sou muito mais movida pelo desejo do que pelo medo. E meu desejo hoje envolve algo completamente diferente.
É triste, eu acho. Tudo isso.
Mas tempo para esse tipo de tristeza não tenho mais.
Tenho que ir para onde o meu coração está. Eu gosto desse lugar.

domingo, 22 de abril de 2012

"Você está anos-luz à frente dele, Tati."
Milhares de amigos me disseram isso milhares de vezes. Até fazia sentido, mas ainda era uma coisa meio contraditória para mim. Até eu ver isso materializado em algo que eu conheço bem, o meio de expressão da minha subjetividade desde criança, o meu objeto de trabalho, o meu espaço de construção de identidade neste mundo: um texto. Não foi um texto dele, foi da nova namorada. E ler aquele amontoado de clichês em um fragmento sem coerência, com erros de concordância, me fez rir e me fez entender, séculos depois, o que não entendi na época: ele precisa de alguém pior do que ele.

Eu tenho um quê de professora em mim,  tenho imensa satisfação em ajudar alguém a crescer. E assim, eu assisti à transformação de algum idiota que nunca prestou atenção à aula na escola para alguém que de repente queria aprender tudo, ler livros, entender e pensar a sociedade. Não só assisti. Eu impulsionei essa transformação, talvez até a tenha causado. Eu mostrei caminhos, eu estava ali pronta a dar uma estrelinha de parabéns a cada pequeno aprendizado.

Eu estava feliz assim. É estimulante ver um aluno crescer. Mas, a professora tinha se tornado muito grande para ele. Ele precisava se sentir maior. Mas aí eu penso: por que procurar alguém menos inteligente? Não faz sentido. Quanto mais eu aprendo, estudo e cresço, mais eu quero alguém mais inteligente, que me acrescente mais.

E lendo Bauman, eu percebi que enquanto o aluno se afundou na mediocridade de querer ser grande dentro de uma localidade, a professora cresceu e se globalizou. Aquele mundinho e suas relações de poder ficaram pequenas para ela. Ao invés de se sentir inferior, por não ter encontrado ali seus pares, ela percebeu que não encontraria mesmo, pois sua existência é muito maior, não cabe ali. Aquele mundinho se tornou insuficiente na produção de significados.

E eu ri, porque eu escrevo melhor, eu penso mais profundamente, eu articulo mais ideias, eu questiono mais. Para cada um nessa vida importam coisas diferentes. Não digo que ela é necessariamente pior do que eu por causa disso, com certeza tem muitas outras qualidades, físicas e emocionais, que importam mais para outras pessoas. Mas se o que importa neste mundo é a minha visão e o meu desejo, para mim, ela é pior do que eu. Porque dentro do que eu procuro em alguém, eu tenho muito mais do que ela. E se ele prefere ela, dentro da minha visão - a que importa - eu também tenho muito mais do que ele.

É uma característica minha racionalizar tudo o que vivo e o que já passou. Assim, cada vez mais tenho clareza do meu desejo e do que quero do meu presente e do meu futuro. E o sentimento de hoje é: eu amo ser assim. E eu amo escrever. Eu amo que seja com as palavras o meu dom neste mundo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Como se termina um relacionamento? E por relacionamento eu me refiro também aos casinhos, qualquer relação pseudoamorosa entre duas pessoas que envolva segundos encontros e possíveis mensagens de celular.

Levar um pé-na-bunda é, no mínimo, desagradável. Não importa a intensidade do desejo, é sempre uma cutucada na autoestima, um gosto amargo na boca.  Quando envolve a decepção de um grande amor, frequentemente leva a depressão e traumas profundos. Por isso, uma mulher que já foi dispensada não deseja que o outro sofra tudo aquilo que já experimentou. Com exceção do ex-namorado maldito que a fez sofrer, claro. As mais boazinhas invocam o altruísmo e classificam a experiência como um aprendizado terapêutico que o malandro precisa, as vingativas querem simplesmente revanche, mas a verdade é que todas as mulheres fantasiam o dia em que passarão com elegância ao lado da sarjeta em que o sujeito vai se meter um dia, se é que há justiça no mundo.

Mas sempre tem aquele menino legal, que não fez nada de errado, exceto uma coisa: não fez seu coração palpitar. E aí? A primeira receita nesses casos é ser fria até ele entender e deixar tudo em um tratado não escrito. Assim como aquele menino superlindo que você conheceu e estava completamente na sua, até de repente não estar mais, fez com você. Você gostou? Não. Você com certeza disse para os seus amigos que odeia pessoas que somem sem dar explicações e desistiu dos relacionamentos pela milésima vez. Mas aí, quando você precisa terminar, você começa a se questionar se assim não é melhor. Se não for assim, o que você faz? Manda um e-mail? Telefona? Faz a pessoa reservar um sábado da vida dela, um dia tão precioso e raro, para te ouvir dizer que você não quer mais? Assim parece mais humano?

É bastante difícil ouvir de alguém "eu não amo mais você", especialmente quando você ainda ama. Nesses casos, quando há amor e história envolvidos, não existe a opção de não conversar, de não dizer verdades ou mentiras dolorosas. Eu sei que julgam a minha geração como superficial e baseada em relações rasas e efêmeras, mas quando você tem a opção de não dizer ou não ouvir certas coisas, talvez seja melhor ficar subentendido. Pelo bem de todos.

Talvez eu discorde de mim mesma amanhã. É só um pensamento que me ocorreu.