Daí você estava achando que ninguém te entende. Quer dizer, a maioria das pessoas do seu universo. As pessoas que olham pra você e pensam, ou dizem com eufemismos: você não é feliz porque não quer.
Então você começa a ler uns blogs por aí e se descobre de novo. E entende. Que quando você estava na faculdade, você vivia no mundo sarcástico e filosófico da comunicação, onde o problema dos clichês era até a falta deles, porque tudo era tão profundo e relativo que às vezes só dava uma vontadezinha de um pouco de senso comum.
Agora a faculdade acabou, e que bom que ficaram os amigos no dia a dia (não todos que eu gostaria, mas ficaram). Mas o mundo macro da convivência não é mais esse, e sim um amontoado de clichês.
E eu não sou mais aceita. Na faculdade, ou com os amigos desse mundo (e outros que não eram de lá também), era legal fazer piada de tudo, até da falta de sentido e de coisas ruins. E sempre tinha alguém pra completar a sua piada. E também era legal questionar tudo, da política à sua própria sombra.
Agora, estou cercada de senso comum e sou uma estranha. Não é que na faculdade não existissem pessoas da vibe "tudo sempre dá certo no fim", mas mesmo elas não crucificariam alguém por não ser assim. Ou não olhariam essas pessoas com pena. Essas pessoas também faziam piada das coisas ruins da vida, mesmo que elas fossem só uma topada no pé.
Na faculdade, eu fazia piadas com Murphy e dizia que ele era meu namorado. Eu era engraçada, não uma coitada, ou uma pessoa indesejável, porque reclama e briga demais. Eu não tinha ouvir coisas como que minhas insatisfações são imaturidade (não sabia que as pessoas maduras eram satisfeitas com tudo).
A faculdade acabou, mas, ainda bem, temos os blogs.
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