Eu sofro aos domingos.
No último mês, eu me tornei uma amante do método. Todos os dias eu acordo no mesmo horário. Arrumo a cama. Não suporto ver bagunça na cozinha. Lavo a louça, coloco as roupas usadas no cesto, tudo na mais perfeita ordem. Faço minhas obrigações - é estranho chamá-las assim, pois são produtos de uma escolha. Tenho horários para comer e até para as diversões. A novela das 23h é um dos momentos mais queridos do dia. Durmo um sono tranquilo, pelo tempo necessário, nem mais, nem menos.
E assim é a minha semana, com dias meticulosamente iguais. Eu, que sempre vi na desordem uma certa poesia, já que a associava à liberdade. Que odiei rotinas antes mesmo de tê-las. Que desconheço a presença de Virgem no meu mapa astral, em que predomina uma deliciosa mistura da distração crônica pisciana e do fogo impaciente de Áries. De surpresa me vejo livre no método, hoje é assim.
Nesse ciclo simples e doce, a melancolia vem aos domingos, quando tenho dores de cabeça e no coração. Hoje, depois de ler sobre as identidades culturais na pós-modernidade, de Stuart Hall, ler Marjane Satrapi foi como ver a teoria materializada em uma vida. Identidades fragmentadas, o "estrangeiro familiar". Somos todos nós, os globalizados. É Marjane, uma ocidental no Irã e uma iraniana no ocidente. E eu chorei pelas mulheres e homens do Irã, que não conheço. Pelas idiotices que fazem tantas pessoas matarem outras e por nos machucarmos tanto, em todo o mundo, em todas as épocas. Já estava triste, pelas injustiças da minha vida, pelas decepções com as pessoas. Eu chorava por mim, por tudo que sofreu a Marjane, por tudo que sofrem tantos, ou todos.
Já está quase na hora de dormir. Amanhã é segunda-feira, - estranho dizer isso - um dia de alegria.
Prefiro assim.
domingo, 29 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
Em um dos meus diários quando eu era pré-adolescente, eu lembro de ter escrito um lembrete. Eu dizia que tinha medo que eu fosse reler aquele diário quando fosse mais velha e achar que eu era triste, porque eu não era. Eu era muito feliz e amava a minha vida, mas eu tinha mais vontade de escrever quando estava triste.
O mesmo vale agora. Eu já estive triste, mas a vida anda boa que só. Uma simplicidade deliciosa de se viver e os sonhos no horizonte. Mas hoje bateu algo que nem foi tristeza. É saudade.
Eu estou com saudade de amar. De beijos apaixonados. De e-mails e mensagens bonitas, apelidos e referências únicas de um casal. Eu estou ansiosa para viver tudo de novo e ao mesmo tempo fazer tudo diferente.
Nessas horas, é inevitável lembrar de quando você amou por último. E lembrei das partes boas, das felicidades e cumplicidades que foram quase apagadas por tudo de devastador e maligno que houve depois. Era bonito, e da minha parte era puro e verdadeiro. Eu senti saudades daquilo. Não do alguém, porque é inseperável do mal. Mas daquilo. De mim, do que eu senti, do que eu falei, do que eu toquei, escrevi, sorri, sonhei. Do que eu recebi, dei e compartilhei. Mesmo que seja tudo mentira e incompatível com o real. E o coração apertou de saudade.
A vida é boa, e eu aprendo cada dia tanta coisa que só me dá mais vontade de ler, de ver, de conhecer, de estudar, de viajar. Eu quero algum dia esbarrar em alguém assim também. Alguém que também tenha lá suas saudades. Não de alguém, mas do amor.
O mesmo vale agora. Eu já estive triste, mas a vida anda boa que só. Uma simplicidade deliciosa de se viver e os sonhos no horizonte. Mas hoje bateu algo que nem foi tristeza. É saudade.
Eu estou com saudade de amar. De beijos apaixonados. De e-mails e mensagens bonitas, apelidos e referências únicas de um casal. Eu estou ansiosa para viver tudo de novo e ao mesmo tempo fazer tudo diferente.
Nessas horas, é inevitável lembrar de quando você amou por último. E lembrei das partes boas, das felicidades e cumplicidades que foram quase apagadas por tudo de devastador e maligno que houve depois. Era bonito, e da minha parte era puro e verdadeiro. Eu senti saudades daquilo. Não do alguém, porque é inseperável do mal. Mas daquilo. De mim, do que eu senti, do que eu falei, do que eu toquei, escrevi, sorri, sonhei. Do que eu recebi, dei e compartilhei. Mesmo que seja tudo mentira e incompatível com o real. E o coração apertou de saudade.
A vida é boa, e eu aprendo cada dia tanta coisa que só me dá mais vontade de ler, de ver, de conhecer, de estudar, de viajar. Eu quero algum dia esbarrar em alguém assim também. Alguém que também tenha lá suas saudades. Não de alguém, mas do amor.
Assinar:
Comentários (Atom)